O que está em nossas mãos?

Começa 2021. Com os ecos do vivido no 2020, chegamos a nova década a passos curtos, incertos, cheios de perguntas e com esperança pelo que virá. Uma esperança madura, ativa, pois acreditamos que é isto que o mundo nos pede agora: sonhar, cuidar e criar com intenção e responsabilidade.

Neste caminho que Janeiro nos abre a percorrer no ano, que horizontes você quer encontrar? Que perspectiva você pode começar a construir, com o que está ao alcance de suas mãos? A cultura artesanal considera as mãos como veículo criativo e estruturante capaz de gerar impacto em diferentes escalas, como demonstram as tantas inovações promovidas por nossos ancestrais – o fogo, o cultivar e cozinhar, habitar, costurar e se vestir, fazer junto em comum unidade… Às vezes a gente esquece de onde veio enquanto espécie e de tudo que as mãos humanas foram capazes de criar.

O olhar mecanicista, gerado pelas revoluções industriais e pelo modo de operar em série e acelerado já não enxerga um futuro promissor, pois percebe que não há recursos o suficiente para explorar em longo prazo. Já o olhar artesanal vê possibilidades, fica à espreita de soluções interligadas com o meio e os seres com quem co-habitamos o planeta. 

“Por todo o mundo, nossos ancestrais desenvolveram expressões culturais únicas, informadas por um senso de lugar e uma profunda reciprocidade com as condições ecológicas, geológicas e climáticas singulares daquele lugar em particular. A escala local e regional […] é também a escala na qual podemos preservar a diversidade cultural e a sabedoria ancestral local como expressões de vivência a longo prazo com a originalidade de qualquer localidade.” (Wahl, 2019, p. 80)

Por isso, a gente acredita que há um horizonte vivo, bom e original pela frente. A gente acredita que o ser humano pode sair do papel de protagonista predador e ameaçador. Mas para isso é preciso ver e seguir caminhos em direção a esse horizonte com uma atitude e atuação diferente da atual. 

É tempo de assumir nossa autoria no mundo, observando que espaços já criamos e como cuidamos dele; aprendendo a ver o que o caminho apresenta; responsabilizando-nos pela marca que nos caracteriza no mundo; revendo a forma e o contexto ao nosso redor. É esse trajeto que oferecemos no Caminho do Autor, um percurso que devolve para nossas mãos o potencial que está ao alcance delas. Usando técnicas e fazeres manuais como veículo de expressão da sua autoria, você vai dar forma e sentido ao seu caminho ao lado de outros caminhantes fazedores e artesãos. Participe!

Caminho do Autor | on-line via sala virtual
11, 18, 25/2
4, 11, 18 e 25/3
sempre das 19h às 21h30

Saiba mais e inscreva-se

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Escrita artesanal por Carolina Messias, com Ciça Costa e Bruno Andreoni.

ARTESANAL - MANIFESTO

As mãos como ponte dos afetos de dentro para fora
dão forma ao pensamento, à singular expressão.

O artesanal mobiliza o que há de mais humano em nós:
imaginar, criar e fazer,
dar sentido às emoções, memórias, relações,
dar formas, cores, sabores, funções,
dar movimento e beleza.

Nosso ativismo artesanal acontece no “fazendo”:
no olhar sobre e para o mundo,
na escolha de como consumimos e ocupamos o mundo,
na valorização do pequeno, do local e do autoral,
no manejo do corpo com as ferramentas e os materiais,
no aprendizado com o erro, a repetição e o tempo do fazer,
no contato com a natureza e nossas raízes artesãs.

É no “fazendo” que nos colocamos
corajosamente em atrito com o nosso fazer;
é no “fazendo” que transformamos
as coisas, a nós mesmos e o mundo para,
aos poucos,
reacender a sabedoria que está dentro de nós,
de cada um de nós,
de nossa ancestralidade e
do que queremos criar com sentido neste mundo.

Por um mundo feito à mão, um mundo feito por nós!