O artesanato de tradição

O conceito de tradição está ligado ao ato de transmitir ou passar adiante. Há tradições muito antigas, que foram passadas por escrito ou oralmente, que incluem memórias, crenças, saberes e fazeres de um indivíduo, de um povo ou de uma nação inteira.

Uma tradição também pode ser iniciada a qualquer momento e pode envolver coisas simples e corriqueiras, como um churrasco realizado todo domingo com a família. Assim como uma técnica utilizada para construir um instrumento musical passada do seu avô, para o seu pai e para você.

Honrar um conjunto de tradições é uma forma de manter vivo um conhecimento ou um costume para perpetuá-lo, atualizá-lo e expandi-lo.

O artesanato de tradição

A arte manual está muito ligada aos saberes antigos e à cultura de um grupo, visto que o fazer artesanal era a única forma de criar soluções para o dia a dia e expressar-se no passado, antes da revolução industrial e da produção em série.

Nas técnicas, processos e materiais utilizados para desenvolver artigos, existem histórias individuais e coletivas, sejam eles derivados de condições de sobrevivência, de ofício, de expressão artística, de religião, de celebração ou qualquer outro tipo de ocasião.

Aqui no Brasil, os índios são responsáveis por grande parte da base tradicional do artesanato, com técnicas de tecelagem, pintura, arte plumária, cestaria, cerâmica etc.

Outros povos que tiveram grande impacto nas tradições atuais são os portugueses, os africanos e todos os que vieram compor a cultuta brasileira.

Dentre tantas formas de tradição artesanal, podemos citar a viola de cocho, produzida a partir de uma peça de madeira inteiriça principalmente na região centro-oeste do país;  panelas de barro indígenas, cuja técnica é reconhecida como legado cultural Tupi-Guarani e Una; a produção de rendas foi trazida pelos colonos e adotada pelos habitantes do Brasil, sendo, hoje, um trabalho típico de diversas regiões, principalmente do norte, nordeste e sul do Brasil; a arte das cestarias e trançados é uma rica tradição passada pelos índios e difundida para vários povos.

Quando criamos com as próprias mãos, colocamos um pouco de nós mesmos nas peças e, assim, ajudamos a construir ativamente pedaços concretos de história.

Como valorizar conhecimentos ancestrais e criar novas tradições.

Existem inúmeras formas de honrar e perpetuar os saberes tradicionais:

  • Ouvir o que os mais velhos têm a dizer. Você pode descobrir que seu pai brincava de pião e fazia os próprios brinquedos ou que sua avó sabe como esculpir e moldar barro.
  • Incentivar e visitar feiras e convenções. É comum ter eventos na cidade que reúnem artesãos de diferentes cidades e até de outros países.
  • Valorizar a produção local. Conhecer os produtores da região é uma forma de encorajar artesãos e artistas a manter ou criar novas tradições.
  • Fazer cursos de artesanato. Além de aprender técnicas tradicionais, você pode criar a sua própria, dando início a um novo conhecimento que pode ser repassado.
  • Viajar e conhecer a cultura local. Cada povo tem suas próprias histórias, habilidades manuais e produções artesanais.

Que tal começar já a fazer parte das tradições do mundo atual? Saiba mais sobre o Festival do Fazer e conheça nossas oficinas de artesanato!

ARTESANAL - MANIFESTO

As mãos como ponte dos afetos de dentro para fora
dão forma ao pensamento, à singular expressão.

O artesanal mobiliza o que há de mais humano em nós:
imaginar, criar e fazer,
dar sentido às emoções, memórias, relações,
dar formas, cores, sabores, funções,
dar movimento e beleza.

Nosso ativismo artesanal acontece no “fazendo”:
no olhar sobre e para o mundo,
na escolha de como consumimos e ocupamos o mundo,
na valorização do pequeno, do local e do autoral,
no manejo do corpo com as ferramentas e os materiais,
no aprendizado com o erro, a repetição e o tempo do fazer,
no contato com a natureza e nossas raízes artesãs.

É no “fazendo” que nos colocamos
corajosamente em atrito com o nosso fazer;
é no “fazendo” que transformamos
as coisas, a nós mesmos e o mundo para,
aos poucos,
reacender a sabedoria que está dentro de nós,
de cada um de nós,
de nossa ancestralidade e
do que queremos criar com sentido neste mundo.

Por um mundo feito à mão, um mundo feito por nós!