O feito à mão e seus desafios

Duvidar de nossa capacidade de criação e de fazer manual é um sentimento até que comum em nossa sociedade.

Essa sensação se manifesta a partir de falas como “eu não tenho jeito para isso”, “Não nasci com esse dom” ou até o tradicional “mas eu nunca fiz isso” e com isso acabam evitando experiências com o fazer manual.

O Movimento Revolução Artesanal tem uma visão diferente sobre isso, como apresentaremos neste post.

Todos podem criar

Acreditamos que a capacidade de criar é inerente a todos os seres humanos, é o que nos torna diferente dos outros seres vivos, portanto, não há a possibilidade de alguém “não ter talento” ou “não nascer para isso”.

O que existe são diferentes afinidades, interesses e características. Por exemplo, pode ser que você tenha mais afinidade com marcenaria do que com culinária.

Porém, ambas são atividades que podem ser exercitadas usando suas mãos, suas escolhas, suas preferências.

É importante se respeitar e ser gentil consigo mesmo. Aceitar e conhecer suas particularidades também faz parte do processo de criação.

Principais desafios que envolvem o fazer manual

Como o fazer manual está diretamente ligado ao “ser” humano, é natural que grande parte dos desafios estejam associados a limitações, barreiras, traumas e processos internos de cada um.

Alguns dos principais são:

  • Medo do fracasso: medo de não atingir um ideal ou meta estabelecido por você mesmo, por outras pessoas ou pela sociedade.
  • Comparações: ao desejar resultados ou processos iguais a outras pessoas, surgem sentimentos de insegurança e frustração.
  • Pré-conceitos: pode haver diversos parâmetros predeterminados que acabam impedindo as pessoas de até mesmo tentar algum tipo de fazer manual. A ideia de “ter um dom” como pré-requisito para criar é um dos mais comuns.
  • Concorrência: principalmente para aqueles que trabalham com o fazer manual de forma profissional, como fonte de renda, a competição no mercado pode ser um grande desafio.
  • Apego ao resultado final: a pressão e expectativa de criar algo perfeito (de acordo com determinados padrões) pode sobrecarregar e paralisar antes mesmo de se começar um processo criativo.

Como superar os obstáculos

Uma das formas mais simples e práticas é por meio da experiência.

Colocar a mão na massa, tentar e se aventurar em algum tipo de fazer pode trazer à tona emoções, sensações, conhecimentos e ideias do que você gosta ou não gosta e com isso desenvolvemos o autoconhecimento quebrando as barreiras que o impedem de se expressar e construir algo seu.

Também é importante lembrar de que, se algum processo não foi prazeroso ou gratificante, está tudo bem deixá-lo de lado e procurar outra forma de fazer manual com a qual você se identifica mais.

Existe uma infinidade de possibilidades de criar, construir e inventar.

Outra maneira de se motivar é descobrir os benefícios proporcionados pelo fazer manual.

Alívio de estresse e ansiedade, aumento de concentração e exercício de habilidades motoras são apenas alguns deles.  Explore mais vantagens no nosso post 7 benefícios de se trabalhar usando as mãos.

Quer se aprofundar neste assunto? Baixe o nosso ebook Por que trabalhar usando as mãos!

ARTESANAL - MANIFESTO

As mãos como ponte dos afetos de dentro para fora
dão forma ao pensamento, à singular expressão.

O artesanal mobiliza o que há de mais humano em nós:
imaginar, criar e fazer,
dar sentido às emoções, memórias, relações,
dar formas, cores, sabores, funções,
dar movimento e beleza.

Nosso ativismo artesanal acontece no “fazendo”:
no olhar sobre e para o mundo,
na escolha de como consumimos e ocupamos o mundo,
na valorização do pequeno, do local e do autoral,
no manejo do corpo com as ferramentas e os materiais,
no aprendizado com o erro, a repetição e o tempo do fazer,
no contato com a natureza e nossas raízes artesãs.

É no “fazendo” que nos colocamos
corajosamente em atrito com o nosso fazer;
é no “fazendo” que transformamos
as coisas, a nós mesmos e o mundo para,
aos poucos,
reacender a sabedoria que está dentro de nós,
de cada um de nós,
de nossa ancestralidade e
do que queremos criar com sentido neste mundo.

Por um mundo feito à mão, um mundo feito por nós!