Impressões e sensações da 3ª edição do Festival do Fazer

A 3ª edição do Festival do Fazer aconteceu entre os dias 24 a 27 de maio em São Paulo e o feedback dos envolvidos é muito valioso.

Os depoimentos expressam os sentimentos, sensações, impressões, ideias e descobertas, motivando a Revolução Artesanal a continuar com seu propósito: difundir o fazer manual como forma de criação, construção, conexão e transformação individual e coletiva.

Sentimentos, vivências e aprendizados do Festival do Fazer

Os testemunhos de quem passou pelo Festival – seja como participante, oficineiro, parceiro ou organizador – são inspiradores e possuem vários pontos em comum, como:

  • Sentimento de pertencimento e integração: a reunião de pessoas com uma mesma vontade, disposição e sintonia gera reconhecimento e conexão. Uma participante relatou que se sentiu “parte de algo grande e elemental”; outra informou que “essa imersão me mergulha em um mundo e um universo do qual me sinto parte. Eu me sinto parte de um movimento, do meu jeito, da forma que eu quero, em liberdade, mas fazendo parte”; outro depoimento também confirma essa experiência: “participar deste movimento me coloca em contato com pessoas parecidas comigo”.
  • Acolhimento: sentir-se bem-vindo é importante para ficar à vontade para ser e fazer. A autenticidade, a ousadia, a inovação, muitas vezes, fluem melhor em ambientes em que a pessoa sente-se segura, “é um espaço que acolhe que nos permite aprender fazendo e de explorar possibilidades”. “A relação que se cria com os oficineiros, do cuidado com o processo, do que está sendo feito na oficina, parece uma caminhada”.
  • Prazer, alegria, bem-estar: foram palavras recorrentes nos testemunhos. É o fazer manual que faz parte de nossas vidas e nos conecta com uma verdade interna.
  • Vontade de colaborar: muitas pessoas expressaram a disposição de contribuir com o movimento.

Também foram registradas algumas insatisfações que serão consideradas para futuras edições, como a duração ou o conteúdo de oficinas específicas.

Desconstruções e descobertas

O Festival do Fazer também foi um espaço para que as pessoas pudessem desconstruir e ressignificar alguns conceitos. Um deles é sobre o próprio fazer manual e artesanal.

É comum associar esse fazer apenas à produção de artigos para vender, para conseguir uma renda extra e ideias semelhantes.

Porém, a vivência do Festival fez muitas pessoas perceberem que o fazer manual abrange isso e muito mais: é a oportunidade de usar suas próprias mãos para criar, aproveitando o processo tanto quanto o resultado final.

O Festival tem como objetivo a expansão desse olhar para um “modo de pensar, um modo de ver a vida, que se estende a muitas outras áreas”, como expôs uma das oficineiras.

Muitos envolvidos também compartilharam sobre as (re)descobertas de suas habilidades do fazer, de interesses, experiências, jornadas e propósitos.

A troca entre pessoas tão diversas traz enriquecimento pessoal e coletivo. O Festival não cria fazedores ou fazedoras, ele apenas oferece um espaço para que todos nós possamos (re)ativar, redescobrir, reinventar, desenvolver e concretizar nossa própria forma de fazer no momento presente, com o corpo que possuímos, no local em que habitamos, sendo “autores do mundo que queremos”, como disse uma das parceiras do Festival.

Se você ficou curioso sobre a 3ª edição do Festival do Fazer, confira a galeria de fotos no site e acompanhe o blog da Revolução Artesanal, onde publicamos nossos artigos sobre o fazer e o ser humano.

ARTESANAL - MANIFESTO

As mãos como ponte dos afetos de dentro para fora
dão forma ao pensamento, à singular expressão.

O artesanal mobiliza o que há de mais humano em nós:
imaginar, criar e fazer,
dar sentido às emoções, memórias, relações,
dar formas, cores, sabores, funções,
dar movimento e beleza.

Nosso ativismo artesanal acontece no “fazendo”:
no olhar sobre e para o mundo,
na escolha de como consumimos e ocupamos o mundo,
na valorização do pequeno, do local e do autoral,
no manejo do corpo com as ferramentas e os materiais,
no aprendizado com o erro, a repetição e o tempo do fazer,
no contato com a natureza e nossas raízes artesãs.

É no “fazendo” que nos colocamos
corajosamente em atrito com o nosso fazer;
é no “fazendo” que transformamos
as coisas, a nós mesmos e o mundo para,
aos poucos,
reacender a sabedoria que está dentro de nós,
de cada um de nós,
de nossa ancestralidade e
do que queremos criar com sentido neste mundo.

Por um mundo feito à mão, um mundo feito por nós!