Fazer Artesanal – um caminho de aprendizagem singular ou “os presentes de nossos feitos”

No séc. XXI, vivemos num mundo conectado em redes complexas de pessoas e fazeres, em que aplicativos prometem aumentar nossa produtividade apressando nossas relações e tomadas de decisão. Com isso, delegamos boa parte de nossas experiências e escolhas a inteligências artificiais ou a de outros seres humanos com quem sequer temos contato. Essa sensação de artificialidade, pressa sem sentido e de perda do controle das próprias escolhas move muitas pessoas “de volta” ao fazer artesanal.

“De volta” não é a expressão mais adequada, pois parece que o fazer artesanal é datado ou desatualizado – uma grande inverdade. O feito à mão sempre existiu justamente por ser uma das características de nós, seres humanos: dar sentido às coisas. Ao longo de nossa evolução, nosso fazer artesanal também ganhou novos contornos, funcionalidades e sentido. O que até um século antes do nosso era considerada uma arte “menor”, dada a supervalorização do conhecimento cognitivo (mental) em detrimento das habilidades manuais, o feito à mão hoje dá sinais claros de um movimento revolucionário: para quem inicia seus fazeres, um caminho para a autonomia, expansão de consciência e expressão de si e de suas causas no mundo; para quem carrega anos de experiência, a maestria do ofício se torna artigo de luxo, mais caro que produtos industrializados.

É por isso que hoje ouvimos tantos discursos anunciando que o futuro será feito à mão. Movimentos como o Craftivism e Craftsmanship utilizam o fazer artesanal como meio para seu ativismo delicado, uma forma de ativismo que expressa por meio do olhar e da expressão de si a mudança que se deseja ver no mundo. Mudanças que só se realizam via expansão da consciência e profundidade diante de questões como ambientalismo, políticas sociais e econômicas, consumo consciente, feminismo, entre outras.

Movimentos como esse e o nosso, da Revolução Artesanal, mostram que o que se aprende com as mãos não é apenas fazer algo, um produto, por meio de habilidades manuais “operacionais”. Afinal, o que se aprende com as mãos e o fazer artesanal?

  • Capacidade de exploração de si em relação a ferramentas, os materiais e o tempo;
  • Foco, profundidade e dedicação na escolha própria do que se decide aprimorar;
  • Possibilidades infinitas de aprendizagem sobre fazeres diversos e sobre o mesmo fazer;
  • Capacidade de encontrar soluções para “falhas e erros” – criatividade;
  • Senso de conexão profunda com o que se faz – compreensão, entendimento e sentido no fazer;
  • Habilidade e conhecimento sensorial por meio de ferramentas, materiais e os sentidos humanos;
  • Expressar-se a si próprio com autonomia, implicando-se no processo;
  • Depois de muitos anos de prática, atinge-se a maestria em um ofício;
  • E o que mais emergir do processo.

Diante desse horizonte fértil de aprendizagem físico, comportamental e emocional que o processo do fazer artesanal promove, você preferiria delegar esses fazeres ou vivenciá-los? Se você escolheu a segunda opção e deseja entrar em contato com o SEU feito à mão, convidamos você para um encontro especial: o nosso Festival do Fazer será nos dias 7 e 8 de junho de 2019. Reserve esta data na agenda! Estamos alinhavando artesanalmente uma programação especial para oferecer uma experiência de exploração, criação e descoberta de si como fazedor(a) no universo do fazer manual. Esperamos por você!

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Escrita artesanal por Carolina Messias
“Acredito no conhecimento compartilhado, no poder gerador da linguagem, na conexão genuína entre pessoas e saberes, na excelência do trabalho integrado e na consistência para o desenvolvimento de histórias congruentes de pessoas e empresas.”

ARTESANAL - MANIFESTO

As mãos como ponte dos afetos de dentro para fora
dão forma ao pensamento, à singular expressão.

O artesanal mobiliza o que há de mais humano em nós:
imaginar, criar e fazer,
dar sentido às emoções, memórias, relações,
dar formas, cores, sabores, funções,
dar movimento e beleza.

Nosso ativismo artesanal acontece no “fazendo”:
no olhar sobre e para o mundo,
na escolha de como consumimos e ocupamos o mundo,
na valorização do pequeno, do local e do autoral,
no manejo do corpo com as ferramentas e os materiais,
no aprendizado com o erro, a repetição e o tempo do fazer,
no contato com a natureza e nossas raízes artesãs.

É no “fazendo” que nos colocamos
corajosamente em atrito com o nosso fazer;
é no “fazendo” que transformamos
as coisas, a nós mesmos e o mundo para,
aos poucos,
reacender a sabedoria que está dentro de nós,
de cada um de nós,
de nossa ancestralidade e
do que queremos criar com sentido neste mundo.

Por um mundo feito à mão, um mundo feito por nós!