A Revolução Artesanal defende a cultura do fazer manual, mas o que isso quer dizer? Artesanato e trabalhos manuais são a mesma coisa? Quem define isso?
Quando trabalhamos com as mãos, movimentamos corpo, mente e emoções. Existem diversas formas de fazer isso, cada uma com suas particularidades e propósitos.
Fazer manual vs. artesanato
É fácil confundir as duas coisas, afinal, ambas são atividades feitas manualmente. Todo artesanato é um fazer manual, mas o inverso nem sempre é verdade.
É claro que isso é baseado em apenas um determinado conceito de artesanato, e isso pode ser questionado e avaliado por diferentes perspectivas. Aqui, vamos usar algumas convenções mais comuns e aceitas para fazer essa diferenciação.
Os conceitos de dicionários de língua portuguesa associam o artesanato a peças e itens produzidos por um artesão, aliando utilitarismo e arte.
O artesão, por sua vez, é caracterizado como indivíduo que produz, por prazer ou profissionalmente, usando suas habilidades manuais.
Já o Programa do Artesanato Brasileiro (PAB) do Governo Federal traz algumas diferenciações importantes para artesanato, como o trabalho direto com a matéria-prima e a riqueza cultural.
Ou seja, artesanato é um objeto que foi produzido manualmente desde o início e tem relevância para a região onde foi criado.
A elaboração de um colar feito com sementes da flora local, por exemplo, é artesanato, mas a revitalização ou ressignificação desses colares antigos para uso pessoal, com pinturas, por exemplo, é um trabalho manual, não artesanato.
Essas diferenciações podem ser importantes se você deseja participar do PAB, cadastrar-se ou enquadrar-se nas políticas públicas do governo, por exemplo.
Para a Revolução Artesanal, no entanto, trouxemos esse assunto principalmente para esclarecer o que entendemos como a cultura do fazer manual.
A cultura do fazer manual
A Revolução Artesanal tem olhar, principalmente, na transformação, reencontro e redescoberta do ser humano.
Tanto o fazer manual quanto o artesanato podem gerar processos semelhantes, sendo que ambos muitas vezes se misturam e não há, em nosso entendimento, uma forma superior a outra.
São atividades derivadas exclusivamente do indivíduo – produzidas com ferramentas e materiais muitas vezes gerados pelo planeta Terra, claro – e, portanto, refletem as escolhas, gostos, conhecimento, emoções e habilidades daquele ser.
O movimento da cultura do fazer manual não existe para ensinar a fazer artesanato. O objetivo dessa revolução é incentivar o autoconhecimento e a conexão interna por meio do fazer manual.
Um jeito de fazer que nos dá autonomia em relação à vida, que nos coloca como autores e responsáveis por aquilo que estamos propondo ser no mundo.
A consequência disso pode ser, de fato, a criação de um produto artesanal ou a aquisição de um conhecimento que poderá ser usado para produzir peças e artefatos.
Queremos abrir espaço para esse tipo de discussão, encorajar a capacidade de criação inerente em todos e divulgar a importância do cuidado com o planeta em que vivemos – cuidado que começa internamente, individualmente.
Que tal ter uma experiência única por meio do fazer manual? Fique ligado nas ações da Revolução Artesanal e saiba mais!