Da nossa capacidade de manusear – A vida em nossas mãos

Nossas mãos contam histórias. Elas trazem linhas de leitura, trazem espaços para adereços, fazeres e afazeres. São símbolos de uma vida e, ao longo da jornada, tornam-se nossas melhores amigas.

Ao nascermos, usamos as mãos para pegar; depois, para apoiar nosso engatinhar. E, quando passamos a caminhar, elas se liberam. Esse gesto de liberação não é aleatório: ele marca um ponto decisivo no nosso desenvolvimento humano. Com as mãos livres, surge a possibilidade de criar, manusear, transformar o mundo ao nosso redor.

Manusear é, também, ver com as mãos. É sentir, interpretar, dar sentido. Através do tato, nos relacionamos com o ambiente de maneira única. Trazemos o mundo ao nosso alcance, e ele, por sua vez, se dá a conhecer.

No universo da artesania, é pelas mãos que o mundo ganha forma. Tudo o que uma pessoa carrega dentro de si se imprime para além do seu corpo. Criamos uma memória coletiva externa ao existir físico, assim como acontece na escrita: ao escrever, damos materialidade às histórias que nos atravessam. O mesmo ocorre em qualquer fazer. Quando trabalhamos, moldamos não apenas objetos, mas também significados.

Essa materialização carrega a marca do seu autor. O jeito único de cada um transparece naquilo que cria – é possível reconhecer de quem é um trabalho pelo modo como ele se manifesta no mundo.

Manusear é trazer o mundo para perto, estabelecer relações, tocar o que nos pertence e, ao mesmo tempo, pertence a todos. Podemos refletir sobre isso ao contemplar a frase “a vida em nossas mãos.” Ter a vida em nossas mãos significa assumir a responsabilidade por ela, por nossas escolhas, pelas formas que damos ao mundo. Nesse sentido  a vida passa a ser única, como ela sempre foi.

Te convidamos a viver o Caminho do Autor, um espaço de acolhida para refletir sobre o sentido do seu fazer. Um percurso criativo que nos acorda, nos relembra de que tudo que fazemos leva consigo uma marca própria, um ser autor.

CAMINHO DO AUTOR
Início 1º de Abril
7 encontros: Dias 1, 8, 15,  22, 29/Abril e 6 e 13/Maio
Terças-feiras | 19h30 às 21h15
On Line • Ao Vivo • Em Grupo

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Escrita Artesanal por Buno Ancreoni com Ciça Costa

ARTESANAL - MANIFESTO

As mãos como ponte dos afetos de dentro para fora
dão forma ao pensamento, à singular expressão.

O artesanal mobiliza o que há de mais humano em nós:
imaginar, criar e fazer,
dar sentido às emoções, memórias, relações,
dar formas, cores, sabores, funções,
dar movimento e beleza.

Nosso ativismo artesanal acontece no “fazendo”:
no olhar sobre e para o mundo,
na escolha de como consumimos e ocupamos o mundo,
na valorização do pequeno, do local e do autoral,
no manejo do corpo com as ferramentas e os materiais,
no aprendizado com o erro, a repetição e o tempo do fazer,
no contato com a natureza e nossas raízes artesãs.

É no “fazendo” que nos colocamos
corajosamente em atrito com o nosso fazer;
é no “fazendo” que transformamos
as coisas, a nós mesmos e o mundo para,
aos poucos,
reacender a sabedoria que está dentro de nós,
de cada um de nós,
de nossa ancestralidade e
do que queremos criar com sentido neste mundo.

Por um mundo feito à mão, um mundo feito por nós!