Programa #8 – Autonomia Autoral

O fazer manual que constrói caminhos de autoria, autonomia, ressignificados por meio da arte.

Neste programa Flavio Capi, Bia Lira e Luiz Lira contam suas trajetórias e os caminhos que se criam por meio da arte. Oficineiros do Festival do Fazer, Capi ofereceu oficina de xilo na 1ª edição e depois oficina de marmorização de papel nas outras edições. Luiz e Bia participam da 2ª e 3ª edição do festival, oferecendo oficinas de xilo com novos olhares.

Flavio Capi, desde pequeno, vive no mundo da arte e se interessa por tudo e qualquer expressão artística até chegar ao universo da educação atuando como professor/educador. Hoje, se vê ao lado de sua primeira geração de alunos e jovens adultos que começam a viver da arte.

O Instituto ACAIA é o protagonista deste encontro dos três artistas. Luiz conta como começou e se encantou com a xilogravura e o poder de se expressar por outros meios que não somente a voz e também a relação que se constrói entre educador e aluno por meio do fazer.

O Instituto ACAIA, acolhe, propicia nos ateliers, as técnicas, porém “em cada um destes jovens, a essência do fazer está neles” (Licó). Os jovens vêm do sertão e trazem sua realidade em suas obras.

Bia conta a dificuldade de entrar no universo da arte, meio tímida, insegura até se encontrar nos ateliers. Hoje “graças às pessoas ao meu redor, consigo olhar minha arte hoje e achar bonita”. Um caminho que não se fez sozinha e agradece todos que estiveram a sua volta e incentivando-a. O processo permitiu que Bia se assumisse a mulher que é hoje.

Por que xilo? Segundo Fabrício, coordenador do ACAIA, a xilo tem a ver com a formação do caráter, por conta da dificuldade do fazer e a superação até chegar a arte final. De um lugar onde os jovens não têm voz, o processo da gravura desenhar no papel, passar para a madeira, gravar, diz de uma metáfora da vida real, sair da margem para o centro, “é um jeito de falar e de dizer quem somos” (Luiz). O fazer que constrói dentro e fora do indivíduo.

Hoje os jovens trabalham no coletivo Xiloceasa, autores e autônomos de sua expressão artística. Ao pintarem um muro da grande avenida, os jovens mostraram os conflitos e a vida que existe na favela. Em seus traços, “Trouxemos a beleza da arte e o que vivemos dentro da favela”. Em suas conquistas conseguiram dar voz e vida para situações que muitos ignoram. Por meio de seus desenhos, os moradores se reconhecerem naquele lugar, mostraram a dificuldade da favela e as cores do que há de belo naquele lugar, felicidade, música, risos, alegria, crianças. Um jeito de trazer beleza e realidade da vida.

“A arte aproxima as pessoas, permite conhecer quem elas são, a grandiosidade que o ser humano tem si pela essência do ser, de dentro para fora”. (Luiz)

Como estamos construindo nosso caminho de ser autor no mundo? Como estamos olhando para a vida, para o outro, para o mundo e as relações que estamos alinhavando?

Dia 12 de março de 2019 incia a 2ª edição do Caminho do Autor. Se você escuta o chamado para ser autor/a de seu caminho e deseja vivenciar um processo de autoconhecimento criativo por meio de fazeres manuais, leia mais informações aqui ou venha bater um papo com a gente: contato@revolucaoartesanal.com.br

Veja como foi a edição anterior neste artigo do blog Caminho do Autor – um percurso de autoconhecimento por Fazeres Manaus e para saber mais dia 13/Fev haverá um encontro aberto no estúdio In Totum, a partir das 18h30 e você é nosso convidado. Envie um e-mail para contato@revolucaoartesanal.com.br confirmando sua presença.

ARTESANAL - MANIFESTO

As mãos como ponte dos afetos de dentro para fora
dão forma ao pensamento, à singular expressão.

O artesanal mobiliza o que há de mais humano em nós:
imaginar, criar e fazer,
dar sentido às emoções, memórias, relações,
dar formas, cores, sabores, funções,
dar movimento e beleza.

Nosso ativismo artesanal acontece no “fazendo”:
no olhar sobre e para o mundo,
na escolha de como consumimos e ocupamos o mundo,
na valorização do pequeno, do local e do autoral,
no manejo do corpo com as ferramentas e os materiais,
no aprendizado com o erro, a repetição e o tempo do fazer,
no contato com a natureza e nossas raízes artesãs.

É no “fazendo” que nos colocamos
corajosamente em atrito com o nosso fazer;
é no “fazendo” que transformamos
as coisas, a nós mesmos e o mundo para,
aos poucos,
reacender a sabedoria que está dentro de nós,
de cada um de nós,
de nossa ancestralidade e
do que queremos criar com sentido neste mundo.

Por um mundo feito à mão, um mundo feito por nós!