Muita gente, ao ouvir o termo “fazer manual” automaticamente o associa com algum hobby e, quase sempre, ao artesanato.
Mas, se considerarmos que o fazer manual tem como essência não apenas a potência de criar algo novo, mas também de reparar, consertar e intervir nos nossos espaços e nos nossos objetos das mais diversas formas, esse conceito se expande bastante.
Eu mesma, pra ser bem sincera, até sei fazer algumas coisas que se encaixam perfeitamente no que seria a definição do fazer manual, como por exemplo, costurar e cozinhar.
Mas especialmente, eu sei consertar coisas. Principalmente, coisas de casa, aquelas que a gente usa todo dia mesmo, como uma torneira, um sifão, uma resistência de chuveiro, uma tomada que quebrou.
Sempre fui apaixonada por entender como essas coisas que facilitam tanto a nossa vida, às vezes nos são tão desconhecidas e estranhas, e confesso que me sinto quase a mulher maravilha quando conserto alguma coisa eu mesma.
Mas, isso pra mim não é um hobby ou algo que eu paro e tiro um tempo pra fazer e sim minha forma de ver a vida: quebrou, vou tentar consertar.
E isso pra mim não se conectava ao conceito do fazer manual porque eu sempre pensava nisso em termos de criar um “produto”, fosse ele vendido ou simplesmente feito por prazer: um cachecol, um vaso de argila, uma peça de crochê ou uma joia pra vender.
Festival do Fazer
Na primeira vez que eu vi um convite do Festival do Fazer, eu achei a proposta genial e vi que aquilo me pegou de dois jeitos.
O primeiro foi de pensar como era bacana ter um evento dedicado ao fazer manual e ao resgate dessas habilidades tão diversas.
E o segundo, que me deu até uma certa surpresa, foi por eu ter me visto como parte desse movimento e ter encarado o fazer manual de uma outra forma, de um poder de intervenção e de criação no sentido mais amplo.
Digo um poder porque é assim mesmo que eu encaro quando aprendemos a consertar algo, a gente se “apodera” daquilo, ou seja, tomamos como nosso.
Quando eu tenho uma tomada que quebra e eu chamo alguém pra consertar, ela é simplesmente um mecanismo na minha casa, que me serve pra fazer funcionar seja lá o que for, e que é quase alheio à minha vida. Sempre esteve lá, sempre vai estar lá e não desperta em nada a minha atenção, até quebrar.
Um ato de cuidado
Mas, quando a gente olha para aquilo como um pedacinho de algo tão importante e fundamental na nossa vida, que é a nossa casa, eu sinto que mudamos a nossa percepção sobre esse espaço e esses reparos viram um ato de cuidado, e não um problema ou incômodo.
Também, vira uma oportunidade da gente, com as próprias mãos, criar um ambiente que tenha mais a nossa cara, seja pintando uma parede, instalando um quadro ou prateleira, ou trocando uma torneira.
E vejo que essa é só uma das inúmeras possibilidades do fazer manual e das tantas possibilidades que ele abre. Tenho visto, com o workshop Deixa Que Eu Faço, como essa capacidade de resolver um problema com as nossas próprias mãos traz uma sensação tão incrível de autonomia, criatividade e abre tantas novas ideias, como se a gente destravasse nossa criatividade e nossa coragem pra explorar o mundo com nossas mãos.
Por isso, fico muito feliz de participar dessa edição do Festival do Fazer e trazer essa visão mais ligada à nossa casa e aos nossos ambientes cotidianos.
E se você talvez também tenha essa percepção de que o fazer manual não se conecta tanto com você, te convido a repensar esse conceito… afinal, nessa lógica, cozinhar, pintar uma parede ou fazer uma cerâmica não são tão diferentes assim.
Mariana ofereceu a oficina de Luminária e Elétrica Residencial na terceira edição do Festival do Fazer confira as fotos na nossa galeria!