Programa #1::T2 – Viver a Floresta, seus saberes e fazeres

Programa Por um Mundo feito à Mão

Em julho, enquanto estávamos na Amazônia, gravamos o 1º episódio da segunda temporada de nosso programa. Uma conversa gostosa com Roberto Brito da Comunidade do Tumbira – RDS Rio Negro (AM).

Roberto, morador e líder comunitário nos contou sobre os aprendizados que vêm de gerações passadas. Seu avô, seu pai eram madeireiros com isso madeireiro se fez. No início a retirada de madeira era com machado e serrotão, na década de 80 chega a motosserra. Com os aprendizados começou na construção civil, com Sr. Garrido trabalhou na construção naval e hoje com as mudanças que chegaram, se embrenhou no turismo de base comunitária. Junto com sua família e muito carinho, administra a Pousada Garrido.

O conhecimento que chega de fora e a valorização da Amazônia promove troca de conhecimento com o povo da floresta.

“Eu não podia mais ser o madeireiro que eu era” e começa a ter um olhar diferente para manter a floresta em pé e o que ela traz quando ela está em pé. O quanto crescemos e aprendemos quando vamos para além de onde estamos. O fazer sendo ampliado e agora com um olhar de como fazer isso a partir de uma interação, de um conhecimento de que a floresta em pé tem muito mais valor do que a floresta deitada “…e a gente não para de aprender”.

Ele conta que aprendeu muito quando o IPP Amazônia chega na comunidade e aprende todos os dias com quem chega por lá, hoje. Se enche de orgulho quando conta que para o turista ele é os seus “olhos e boca” mostrando tudo que sabe e o que a floresta tem a oferecer.

Falamos sobre a relação que se constrói ao longo do tempo. Desde 2010 nos relacionamos com esta comunidade e seus moradores, aprendendo com eles, nos respeitando mutuamente, onde as trocas vão acontecendo até vermos a materialização em uma casa. A casinha da floresta, feita à muitas mãos, onde todos se reconhecem o lugar do aprendizado coletivo.

No bate papo, Bruno traz para o centro da roda… “o que é legal de perceber é como vamos chegando em outros lugares… Chegamos com uma vontade, tem uma curiosidade, tem uma leitura, mas o chegar foi muito deste lugar de conhecer, conversar, descobrir, de como fomos construindo por meio de jogos, conversas, brincadeiras ou seja chegar menos pronto com aquilo que achávamos que sabíamos do lugar e da Amazônia e chegar para realmente ouvir, interagir e o quanto isso foi transformador para todos.”

A construção da relação não termina ela passa a ser cuidado todos os dias por vir. O Laboratório Cores da Floresta acontece e a partir do tingimento vegetal caminhamos conversando, trocando, cuidando desta relação.

Com o olhar empreendedor do Roberto, nasce a Pousada do Garrido que adora receber pessoas de todos os cantos do mundo para vivenciar o que o caboclo vive em seu dia a dia, ir para a floresta, pescar, fazer farinha, papear…

Segundo Roberto, os Seres Encantados, hoje, estão muito mais felizes que na época da retirada da madeira. “Só o cara que vive no mato sabe disso”

O programa está liberado em nosso canal do Youtube pra você assistir na íntegra. Reserve um momento do seu dia para ouvir uma boa história sobre o “Viver a Floresta, seus saberes e fazeres”. Acesse aqui >>>

Falar da Amazônia é uma coisa, viver a Floresta é tudo outro. Venham! 

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Escrita artesanal por Ciça Costa com Bruno Andreoni e Roberto Brito

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Para conhecer mais… @pousadadogarrido

https://www.facebook.com/PousadaJoseGarrido

https://www.instagram.com/pousadadogarrido/

ARTESANAL - MANIFESTO

As mãos como ponte dos afetos de dentro para fora
dão forma ao pensamento, à singular expressão.

O artesanal mobiliza o que há de mais humano em nós:
imaginar, criar e fazer,
dar sentido às emoções, memórias, relações,
dar formas, cores, sabores, funções,
dar movimento e beleza.

Nosso ativismo artesanal acontece no “fazendo”:
no olhar sobre e para o mundo,
na escolha de como consumimos e ocupamos o mundo,
na valorização do pequeno, do local e do autoral,
no manejo do corpo com as ferramentas e os materiais,
no aprendizado com o erro, a repetição e o tempo do fazer,
no contato com a natureza e nossas raízes artesãs.

É no “fazendo” que nos colocamos
corajosamente em atrito com o nosso fazer;
é no “fazendo” que transformamos
as coisas, a nós mesmos e o mundo para,
aos poucos,
reacender a sabedoria que está dentro de nós,
de cada um de nós,
de nossa ancestralidade e
do que queremos criar com sentido neste mundo.

Por um mundo feito à mão, um mundo feito por nós!