Como projetos sociais ajudam a potencializar a cultura local?

O mundo está, literalmente, ao alcance de nossas mãos. Basta apertarmos algumas teclas ou tocar na tela de nossos celulares para acessarmos informações, notícias, imagens e vídeos de diversos lugares do planeta.

Isso também permite que observemos de perto as desigualdades e as situações adversas em que muitos se encontram. Esse acesso não é apenas uma janela, e sim uma porta por onde podemos passar e fazer nossa parte para contribuir na construção de um mundo bom para todos.

Os projetos sociais são iniciativas com objetivo de colaborar com determinadas pessoas, animais ou instituições a terem melhor qualidade de vida e bem-estar dentro da sociedade.

Atualmente, existem diversos tipos de projeto social no mundo inteiro, onde a participação ou contribuição se torna mais fácil: seja presencial ou virtualmente, podemos estender nossas mãos para ajudar e sermos ajudados.

Projetos sociais e artesanais como pilares da cultura local

Nossas mãos podem servir como instrumentos ativos de transformação do ser humano. Por meio de trabalhos manuais é possível mudar a realidade de pessoas em situações de vulnerabilidade, por exemplo.

E por meio do fazer artesanal é possível construir e potencializar a cultural local. Os projetos sociais aliados ao fazer manual, portanto, podem dar o suporte e a estrutura necessária para que as pessoas se reconheçam e possam, dessa forma, contribuir para o desenvolvimento da comunidade e sua cultura.

De acordo com a conhecida pirâmide de Maslow, proposta pelo psicólogo Abraham H. Maslow, o ser humano precisa ter suas necessidades fisiológicas satisfeitas para poder, então, progredir e preocupar-se com os níveis superiores da pirâmide, que incluem: necessidades de segurança, sociais, de status ou estima e de autorrealização.

É, portanto, na base da pirâmide que a maioria dos projetos sociais atua. Entretanto, assim como nossas mãos estão conectadas a todo o nosso corpo, diversos níveis podem ser ativados e impactados durante o processo. Os projetos sociais que trabalham com atividades manuais são prova disso.

Autonomia e satisfação pelas próprias mãos

As desigualdades sociais, geralmente, afetam o acesso à educação e, por consequência, as oportunidades de emprego, visto que a capacitação formal e acadêmica ainda é a mais aceita em todo o mundo.

Alguns projetos sociais procuram oferecer formas das pessoas em situações adversas a gerarem sua própria renda de modo autônomo.

As práticas manuais são algumas das mais utilizadas para este processo, principalmente pelas habilidades inatas que todo ser humano possui. Embora os materiais e técnicas sejam essenciais para os trabalhos artesanais, o restante dos atributos está contido no nosso DNA, nossas mentes, nossos corações e nossas mãos.

Um projeto social, por exemplo, utilizou a confecção de moda para formar mulheres de uma comunidade da região norte do Brasil. Durante o processo de produção, os participantes têm a chance de se expressar criativamente, utilizar seu senso crítico, interagir socialmente, tomar decisões e elevar sua autoestima.

Ao final, a peça pode ser vendida e transformada em renda para garantir suas necessidades básicas. Percebemos, então, que todos os níveis da pirâmide são trabalhados durante o processo, e o resultado final garante as necessidades da base da pirâmide.

A identidade individual é desenvolvida e estimulada durante o fazer manual e isso tem impacto direto na cultura local – suas crenças, seus conhecimentos, sua expressão – e, quando estas criam e se desenvolvem individualmente, o mesmo acontece coletivamente.

Cultura local e desenvolvimento global

Podemos pensar no efeito borboleta, que descreve a conexão e o impacto de pequenas ações – como o bater de asas de uma borboleta – em grandes cenários, ou ainda nas matrioskas, uma peça artesanal e tradicional da Rússia, composta de uma série de bonecas de tamanhos diferentes e cada uma encaixa-se dentro de uma maior. Ou ainda no popular efeito dominó.

Quando o indivíduo tem oportunidade de criar, de fazer e de ser, ele bate suas asas, como as da borboleta. O impacto, então, é sentido e a cultura local começa a ser construída. Por sua vez, isso impulsiona a cultura regional, que incentiva a cultural nacional e contribui para a cultura global.

A transformação de um é a transformação de todos. E uma forma de nos transformarmos (e ajudarmos outros em suas metamorfoses) é usando nossas mãos.

A Revolução Artesanal oferece diversas oficinas de criação manual. Vamos começar a cocriação de um mundo feito à mão!

ARTESANAL - MANIFESTO

As mãos como ponte dos afetos de dentro para fora
dão forma ao pensamento, à singular expressão.

O artesanal mobiliza o que há de mais humano em nós:
imaginar, criar e fazer,
dar sentido às emoções, memórias, relações,
dar formas, cores, sabores, funções,
dar movimento e beleza.

Nosso ativismo artesanal acontece no “fazendo”:
no olhar sobre e para o mundo,
na escolha de como consumimos e ocupamos o mundo,
na valorização do pequeno, do local e do autoral,
no manejo do corpo com as ferramentas e os materiais,
no aprendizado com o erro, a repetição e o tempo do fazer,
no contato com a natureza e nossas raízes artesãs.

É no “fazendo” que nos colocamos
corajosamente em atrito com o nosso fazer;
é no “fazendo” que transformamos
as coisas, a nós mesmos e o mundo para,
aos poucos,
reacender a sabedoria que está dentro de nós,
de cada um de nós,
de nossa ancestralidade e
do que queremos criar com sentido neste mundo.

Por um mundo feito à mão, um mundo feito por nós!